Em 2001, junto com o início das atividades da Arquivo Morto, surge em Maranguape I/Paulista o Coletivo M-1. Com o intuito de ocupar espaços públicos abandonados pelo poder público, o coletivo busca construir, de forma colaborativa, eventos culturais que aproximem às juventudes para o lazer acompanhando da formação política. A partir da compreensão das relações de poder e do processo histórico do bairro, a formação de sujeitos críticos passa a ser o principal objetivo do coletivo. Tendo como instrumento central a arte, o Coletivo M-1 acaba por acolher expressões artísticas mais marginalizadas e que apresentam na sua essência conteúdos ligados às contradições da vida cotidiana da classe trabalhadora nas periferias brasileiras. A capoeira, o Hip-hop, a Poesia Marginal e o Punk/HC surgem como as principais expressões a serem destacadas nessas intervenções.
O fazer coletivo e colaborativo atrelado às expressões culturais, normalmente marginalizadas pela indústria cultural, apontam para uma dimensão de construção de Poder Popular que se opõe às práticas individualistas e meritocráticas que buscam sufocar iniciativas ligadas à consciência de classe e organização de processos duradouros de formação política anticapitalista.
Estando a existência dessa coletividade ligada a uma leitura mais profunda da sociedade capitalista, torna-se fundamental a sua atuação em redes mais amplas de construção das lutas cotidianas. E é com base nisso que as ações não estão isoladas no território do bairro. Mas, sempre interligadas com outras territorialidades e coletividades em consonância com esses fazeres. Desse modo, pode-se pensar que a maior contribuição do coletivo para seu lugar é a resistência na formação de um núcleo de formação política anticapitalista interligado em redes em meio aos desafios da sobrevivência no cotidiano periférico. A arte como instrumento de luta popular!